Monthly Archives: Julho 2014

Seleção de notícias (28/07)

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Gestores da área internacional do governo federal, estados e municípios brasileiros estarão reunidos entre os dias 18 e 19 de agosto em Macapá (AP) onde acontecerá o III Seminário e a VI reunião da Cooperação Internacional Descentralizada. O objetivo do encontro é promover a troca de experiências na gestão de projetos internacionais e capacitar os participantes para a  elaboração deste tipo de projeto. A programação também inclui discussões sobre o marco jurídico para a cooperação internacional descentralizada no Brasil e sobre o processo de consulta sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015.

As atividades são organizadas pela Subchefia de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério de Relações Exteriores, a Agência de Desenvolvimento do Amapá e o Fórum Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Relações Internacionais (FONARI).

CNM destaca reunião da organização mundial de governos locais (15/07)
Embaixada britânica lança programa que custeará viagens de exploração técnica (15/07)
Acordo garante instalação de empresa chinesa no RS (17/07)
Comitiva da província chinesa de Hubei visita o Rio Grande do Sul (19/07)
Productive meeting for local authorities in the Steering Committee of the GPEDC (21/07)
Observatório dos Consórcios Públicos e do Federalismo realiza colóquio sobre Integração Sul-Americana (23/07)
Associação Internacional de Cidades Educadoras lança novo website (24/07)
Venezuela encerra coordenação no Foro Consultivo de Estados e Municípios do
Mercosul (29/07)
Foro Consultivo de Cidades e Regiões do MERCOSUL se reunirá durante a
Cúpula de Presidentes do Bloco (27/07)
Ampliação do prazo de inscrição ao encontro de trabalho e troca de experiências de Desenvolvimento Urbano em Zárate (28/07)
XIII Congresso Internacional de Cidades Educadoras (28/07)
Avanços para cidades em documento a ser apresentado à Assembleia Geral da ONU (28/07)
Mercocidades e UNISDR incentivam o fortalecimento da resiliência no nível local (28/07)
1ª Rodada de Negócios Internacionais e Reunião de Desenvolvimento Econômico Local acontecerá em Guarulhos (28/07)
Seminário-Oficina sobre gestões locais das mercocidades: colaborações para a integração regional” em Tandil (28/07)

 

Seleção de notícias (13/07)

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Representantes de governos locais tiveram a oportunidade de participar no último dia 2 da oficina “Urbanização Sustentável – Diálogos sobre a Agenda Pós-2015” realizada pela Subchefia de Assuntos Federativos (SAF/PR) da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. O evento teve como objetivo estimular a participação dos municípios na definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e contou com a presença dos ministérios de Relações Exteriores (MRE) e Meio Ambiente (MMA), responsáveis pela construção do posicionamento brasileiro nas negociações internacionais. A Confederação Nacional de Municípios (CNM), a Associação Brasileira de Municípios (ABM) e Frente Nacional de Prefeitos (FNP) representaram os governos locais.

Diálogos sobre a Agenda Pós-2015 debate objetivos sustentáveis com governos locais (03/07)
Desenvolvimento sustentável foi tema de evento acompanhado pela CNM (03/07)
RS estabelece parceria com cooperativas para ampliar exportações para a China (09/07)
União Europeia promove reunião do Fórum de Política na América Latina (09/07)
Cônsul do Japão visita Santa Catarina para reafirmar parcerias (10/07)
Santa Catarina assina protocolo de intenções com Cingapura (10/07)
Mercocidades realiza pesquisa sobre capacidade de resiliência das cidades da região (10/07)
Candidatura aberta para a co-presidência da rede CGLU (10/07)

Paradiplomacia: Oportunidades e Desafios

Texto originalmente publicado no blog CetemIdeias do Centro de Estudos Temáticos em Administração Pública (Cetem)

Por que falar de Relações Internacionais num blog sobre Gestão Pública?

No ano de 2014 o estudo das Relações Internacionais (RI) no Brasil completa 40 anos. E se há 40 anos os teóricos em sua grande maioria admitiam que apenas os governos centrais poderiam ser considerados atores globais, hoje enxergamos a consolidação de um fenômeno chamado de “paradiplomacia”, ou seja, a atuação dos estados e municípios na esfera internacional fora da estrutura tradicional da diplomacia entre os países.

Paradiplomacia: Oportunidades e desafios

Tomemos o exemplo de São Paulo para enumerar as diversas possibilidades que a paradiplomacia apresenta. Em março de 2013, o Governo de São Paulo firmou um acordo com os Estados Unidos da América instituindo grupo de trabalho que atualmente desenvolve cerca de 25 projetos conjuntos. Nos meses subsequentes, foi negociado e estabelecido acordo similar com o Reino Unido, contemplando a cooperação em educação, comércio e investimento, meio ambiente, administração penitenciária, transparência e combate à corrupção. O estabelecimento de relação formal com um governo subnacional na América Latina foi fato inédito tanto para os Estados Unidos como para o Reino Unido.

No mesmo ano a prefeitura de São Paulo também inovou ao firmar parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas) através da assinatura de um memorando de entendimento que buscará a criação e ampliação de instrumentos de atuação conjunta com o objetivo de favorecer o intercâmbio de experiências, práticas e políticas públicas nas diferentes áreas de atuação das Nações Unidas no Brasil. São Paulo também mantém acordos de cooperação bilateral com cidades irmãs, participa de redes de cidades e, através da sua Secretaria Municipal de Relações Internacionais e Federativas, é representada em missões técnicas e eventos internacionais.

A paradiplomacia pode então envolver o estabelecimento de acordos com uma cada vez mais variada gama de atores visando a parceria técnica ou financeira, a participação dos entes subnacionais em redes de cooperação e compartilhamento de boas práticas de gestão, a busca por investimentos internacionais, e até mesmo a representação dos governos estaduais e municipais, a nível global, em foros tradicionalmente ocupados apenas pela chancelaria dos governos.

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Em 2012, o IBGE ao realizar sua “Pesquisa de Informações Básicas Municipais”, levantamento que traça o perfil das prefeituras, constatou que apenas 113 dos 5.565 municípios pesquisados mantém estrutura específica para cooperação internacional. Cabendo aqui a ressalva que a pesquisa admitiu como “estrutura específica” desde secretarias com orçamento próprio até servidores responsáveis pela área, que acumulam “o tema com outras atividades”, caracterização que dificulta a visualização de um mapeamento fidedigno da situação — não por conta dos dados disponibilizados, mas em razão da falta de institucionalização refletida na pesquisa.

E por que isso ocorre? Preocupação com o tamanho da máquina pública, não entendimento do papel das Assessorias de Relações Internacionais e descontinuidade das gestões são alguns dos motivos. Nos últimos anos, constatamos (e lamentamos) a extinção de importantes Secretarias de Relações Internacionais de municípios de grande porte e comprovada “vocação” para atuarem como “global players”. Esses retrocessos simbolizam um dos desafios que os gestores locais devem encarar ao considerarem as vantagens e desvantagens da paradiplomacia: o desafio de pensar na sua atuação não como experimental, reativa ou oportunista (visando apenas a recompensa política imediata), e valorizar o planejamento, o estabelecimento de estratégias e a valorização dos recursos humanos com formação na área de Relações Internacionais.

O Rio Grande do Sul, assim como São Paulo, demonstrou nesse mesmo período de retrocessos, como os entes subnacionais podem desempenhar com capacidade e habilidade suas funções no âmbito externo, aproveitando a abertura existente para alcançar expressão internacional. E o governo brasileiro, em reconhecimento ao trabalho desenvolvimento pelos órgãos de assessoramento internacional dos estados e municípios, buscou se adequar à essa realidade, criando escritórios regionais de representação do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e estabelecendo assessorias de assuntos federativos do Itamaraty e da Presidência que têm como objetivo realizar a interlocução entre o governo federal e os governos locais.

Pensar globalmente, agir localmente

A atuação dos entes subnacionais também deve levar em conta a máxima “pensar globalmente, agir localmente”. Para os gestores locais isso significa investir nas vantagens competitivas do seu município ou estado, desenvolvendo ações internas que auxiliem a inserção da economia local nos fluxos globais de investimento – ações estas que não podem mais ficar restritas ao campo fiscal, devendo se estender para as áreas da educação, saúde, segurança pública, desenvolvimento científico e infraestrutura.

As oportunidades estão postas e cabe aos governos locais assumirem, como estrutura mais próxima do cidadão, o papel de vincular o “local” com o “global”, ao passo que a linha que separa assuntos internacionais e domésticos tem se tornado cada vez mais tênue e o atual momento de projeção internacional que o Brasil vive deve ser aproveitado para estimular a parceria e a cooperação em prol do desenvolvimento que queremos.